Cuscuz marroquino: fácil, rápido e preguiçoso para quarenteners

Cozinhar é necessário: é controle de qualidade sobre o que você consome, é autonomia, é terapia. Porém, se a vida não é um mar de rosas, se o céu não é de brigadeiro, se as coisas não são fáceis, cozinhar também não é lá das tarefas as quais seres humanos comuns estão a fim de fazer todos os dias.

Cozinhar em si nem é tão problema, muitas vezes. As vasilha é que são.

Lavar as vasilha é um saco, e é a causa de preferirmos o Ifood com alguma frequência. Ninguém pode, nem deve, julgar. Por isso, temos aqui uma receita tão patética de simples, tão ridícula de fácil, tão bizonha de rápida e tão econômica no que diz respeito às vasilha, que mesmo em dias frios com bons lugares pra ler um livro e o pensamento lá em você, rola de fazer: cuscuz marroquino com legumes.


Só que sabe como é, né? Se tem um troço que me orgulha é a arte de ser highlander na vida, logo, você se organiza pra fazer o almoço e já adianta o jantar, duma só vez. Bora:

Ingredientes

- 1 xícara de cuscuz marroquino
- 1/2 cebola pequena
- 1 dente de alho
- 1 tico de vinho branco (tipo 1/3 de xícara)
- 1 abobrinha
- 2 cenouras médias ou uma grande
- 1 lata de grão de bico
- 1 linguiça calabresa
- 1 punhadinho de frango em cubos (aquele que vende na bandejinha, para stogonoff)
- 1 limão siciliano
- 1 colher de sopa de manteiga
- Sal e temperos secos à gosto: sementes de coentro moídas, cominho, pode ser um tomilhinho da Silva, pimenta do reino, lemon pepper - enfim, os que tiverem à sua mão. Recomendo páprica doce e canela também, hein?

Ingredientes reais

- Os legumes que você tiver na sua geladeira
- Ah, mas sou vegetariano ou vegano: ignora as carnes e troca a manteiga por azeite, dá igual.
- Nossa, mas limão siciliano? Tá, usa o taiti, mas com siciliano é melhor (passe a comprar, sério)
- Ah, não bebo, não quero usar o vinho... Bom, o álcool evapora. Mas ok, não quer usar, paciência, não vai ficar tão gostoso quanto o meu, mas eu tentei.

Preparo

- Pica os legumes: a cebola em cubinhos pequenos, o alho ou pilado ou em microcubinhos, a abobrinha em pedaços grandinhos (corta ela pela metade, depois fatia e viram meias-luas, daí corta essas meias-luas pela metade. Fica gostosaço assim). A cenoura, em cubões. Pode fazer cubos médios com a calabresa também, e rala a casca do limão siciliano e deixa todas essas coisas reservadas.

- Aqueça uma panela com um fio de azeite: taca a cebola e uma pitada de sal (que acelera a desidratação da cebolations). Transpareceu? Taca o alho.

- Alho queima em um minuto, então já taca o frango. E mete mais uma pitada de sal, daí vai subir um tanto de líquido do frango, abre uma latinha de cerveja e bebe porque é nesse líquido que o frango cozinha, só que espera secar (daí a importância de beber uma cerveja: dá uma utilidade sensacional para este tempo de esperar o líquido secar). Secou? Calabresa.

- Tudo isso vai formar uma crosta no fundo da sua panela e a intenção é essa. Esse fundo queimadinho dá sabor ao caldo. Relaxa. Se você já terminou aquela latinha, abre outra e chega porque quero ninguém bebum ao final do preparo, sem dar conta de fazer uma p*rra dum cuscuz, peloamor.

- Calabresa douradex, franguinho também? Legumes. Taca todos, dá uma refogada neles (ah, taca uns azeite se o fundo tiver seco demais e queimando sua cebola e suas carnes, NÃO SEJA BEXTA). E logo em seguida, taca o vinho, rapando o fundo, e depois a água fervida, suficiente pra cobrir tudo. Já mete os temperos à gosto e o sal. Com uma colher de pau, rapa o fundo da panela, pra soltar aqueles sabores queimadinhos delícia.

- Numa vasilhex, ou num pratex, taca o cuscuz marroquino cru. Depois que essa água se embrenhar dos sabores dos queimadinhos do fundo, dos temperos secos, do sabor dos legumes e das carnes (isso leva tipo uns 15 minutos, sossega com o álcool), e os legumes estiverem cozidos (cuidado pra não ficarem molengas), parabéns: você tem uma bela duma sopa de legumes pra janta. Mas aí você agora separa o equivalente a uma xícara do caldo que se formou aí, e joga em cima do cuscuz marroquino.

- Depois de jogar o caldo no cuscuz, você cobre ele com um pano de prato e deixa cinco minutos. É o tempo pra que esse caldo hidrate o cuscuz marroquino. Depois desses cinco, use um garfo pra soltar os grãozinhos. Se cê não fizer isso, ele vai virar um bloco de cuscuz mais duro que concreto e só se a senhora for mega rica vai fazer isso sem sentir uma dor no coração, porque ele estará arruinado e você deverá jogá-lo fora. Ainda assim, senhora rica, tenha discernimento e repense seu desperdício de alimentos.

- Soltou os grãos? Taca a colher de manteiga ou de azeite e misture. Taca também as raspas do limão siciliano (que é bem mais gostoso pra essa receita que o Taiti, não teime). Busque um punhado de legumes e carnes, sem o caldo (ou com um pouquinho a mais pra comer o cuscuz caldulentinho que fica delícia). Taca no prato com o cuscuz.

- Coma. Rezando, chorando, gemendo, de pé, de joelhos. Seja feliz. Sim, é bom pra c*ralho.


PS: pra sopa da noite, é só tacar um pouco mais de água quente, caso tenha feito muita diferença a xícara que vc roubou pra hidratar o cuscuz. Mas aí, mete mais tempero. E pode botar também um punhado de macarrão parafuso ou qualquer outro pequeno, pra sopa. Enfim, delícia cremosa.

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