O que eu também não entendo (mas gosto demais)

*Por Paulo Mesquita

Tem um lugar aqui em Brasília que eu realmente não entendo. É o La Benedicta (413 norte). O local é ótimo, ambiente super agradável, a comida é deliciosa, o atendimento é muito bom. Mas eu nunca o vi cheio. Sério. Já estive lá umas 4 ou 5 vezes – todas no almoço – e, o máximo que me lembro, é de quatro mesas ocupadas: dois casais, uma mesa grande com umas seis pessoas, e a minha com quatro, na primeira vez que fui e a casa estava recém aberta. Lembro que fomos atraídos por uma propaganda de uma feijoada de frutos do mar.



Todas as vezes que fui comer lá, comi muito bem. Mas fiquei sem entender o por quê do vazio. Não sei se falta uma boa divulgação, se falta assessoria de imprensa, se a chef/dona não é afeita a convidar jornalistas para “almoços de divulgação”... enfim, além de ver sempre o local vazio, também não o vejo na mídia, mas eles têm um blog bem legal.

E é isso que me deixa indignado, mas de certa forma também traz aquele sentimento de “meu local secreto”, onde vou comer em paz, sem filas, sem garçons loucos pelo salão sem te dar atenção e sem esperar 40 minutos por um prato. Mas é que é tudo tão gostoso que fico sem saber se o lance se sustenta. Ou se foi mera coincidência eu encontrar o local sempre vazio (tomara).

Enfim, Natália e eu estivemos lá há uns dias, nossa segunda vez lá juntos. Três mesas ocupadas, mas em uma tive a impressão de serem amigos da chef, pois quando chegamos ela, a chef, estava sentada com eles. Ou seja, de reais clientes éramos 4 pessoas: Natália, eu e mais dois caras numa mesa próxima. Era sábado, almoço. O Dona Lenha, no prédio ao lado, estava lotado. Como pode?

Um benefício de estar no restaurante de qualidade vazio: atendimento impecável. Você pensa em olhar pro lado pra chamar um garçom e ele já está ao seu lado. Eu sei que ninguém gosta de ficar levantando mão, chamando e não ser atendido, então ponto a favor!

Mas vamos ao que interessa, comida!

De outra vez em que eu e Natália estivemos lá, comemos muito bem. Nosso destaque era a bruschetta, que pedimos de entrada. Além do tradicional “pão+tomate+muçarela de búfala”, eles azeitam bem a entrada e salpicam alho fritinho. Delícia! Natália já chegou a cogitar a hipótese de irmos lá só para comê-la e tomar drinks.

Mas entre o dia da bruschetta e o que vou relatar hoje a casa fechou, passou por reforma e mudou o cardápio. A nossa entrada predileta continua lá, mas pela recente descoberta da intolerância à lactose da Natália e pelas novidades no menu, resolvemos apostar em algo novo.

Para começar, então, pedimos uma berinjela grelhada com temperos bem gostosa (Vou falar pouco dela porque me esqueci de anotar a real composição do prato). Como prato principal, Natália foi de peixe: um lombo alto de robalo com creme de vinho branco e maracujá acompanhado de aspargos e shitake grelhados no azeite (detalhe: o prato na verdade traz manteiga de ervas na composição do molho do peixe e também no grelhado dos vegetais, mas pedimos para trocar e fomos prontamente atendidos – mais um ponto pro restaurante!). O prato estava, assim, sensacional! O robalo macio, os aspargos al dente e o molho de vinho e maracujá deu um sabor bem gostoso.

A minha pedida foi igualmente gostosa: polenta cremosa com ossobuco de vitelo ao tinto com cogumelos paris frescos. Muito, muito, muito bom. O ossobuco tava desmanchando, a polenta realmente cremosa e, importante, não estava salgada. Comi feliz!

Pra fechar, pedimos uma panacotta de sobremesa. É um pudim italiano de baunilha, com gosto de nada, tipo gelatina sem sabor. Mas que vem acompanhado por um molho “ragu de morangos em seu coulis com pistaches caramelizados”, que faz toda a diferença e dá sabor à panacotta.

Saímos de lá, mais uma vez, muito satisfeitos. E torcendo para que o La Benedicta se mantenha por muito tempo.

PS: esqueci de levar a máquina fotográfica e as fotos que fiz do celular não ficaram dignas dos pratos apresentados. Então, fico devendo.

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